domingo, 13 de julho de 2014

Zulu (2013), de Jérôme Salle

Um homem negro é assassinado, aos olhos do seu filho, por brancos. Estamos na África do Sul dividida conforme a cor do indivíduo. A maioria é comandada pela minoria, independente da  sua competência e da sua qualidade humana. Anos depois, após o apartheid político ser derrubado, restando o apartheid social (intensificado entre os anos de 95 e 2000, quando a renda das famílias brancas cresceu 15% e a de famílias negras caiu 19%), Ali (Forrest Whitaker) é um comandante da polícia encarregado de investigar o assassinato brutal da filha de um famoso treinador da equipe nacional de rúgby. Zulu, nome do filme, é a língua mais falada na África do Sul, seguida pela Xhosa.
"Townships", as favelas sul-africanas
.O filme tem um enredo previsível, encaixa-se facilmente no rótulo dos filmes comerciais, com personagens também repetitivos. De todo modo, é interessante observar a maneira como o perdão, fragilmente construído pela sociedade sul-africana, e por ser tão frágil, tão suscetível à mudança de ânimo, se opera na consciência do policial negro. A violência e a miséria têm cor. E a vulnerabilidade dos negros pobres, que em condições de miserabilidade tão profundas não rejeitam nem os olhos e cérebros das cabras que os alimentam, é aproveitada, no filme, por brancos que operaram no passado, no regime racista, programas de limpeza étnica.

Dependemos do desenlace do filme da morte de uma branca, a filha do famoso treinador, não prevista no script. Enquanto isso, crianças negras, viciadas no Tick, a droga da limpeza étnica que voltou às ruas ainda mais mortal, vão sendo vítimas de um silencioso holocausto que segue dizimando os negros e pobres nas favelas da cidade.

O ator Forrest Whitaker está em alto nível no papel de Ali, expressando sofrimento, compaixão e indignação emprestando uma autêntica e cativante interpretação ao personagem.

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