segunda-feira, 23 de junho de 2014

O Verão Sem Homens, de Siri Hustvedt (2011)

Meu primeiro encontro com o livro da escritora americana Siri Hustvedt, deu-se conferindo as dicas propostas pela revista Scientific American Brasil - de fevereiro, creio. Em um pequeno fragmento na seção de ficção, algo tão comum e tão intrínseco à ideia da união eterna: uma filósofa e poeta que após 30 anos de casamento vê seu marido, um cientista de prestígio internacional, se envolver com uma outra mulher, muito mais nova do que ela, o que lhe provoca transtorno psicótico transitório.

Uma internação, seguida de viagem à cidade da mãe, para onde se refugia dos acontecimentos recentes, dá um sentido de arguta sensibilidade ao livro, onde a protagonista resgata a si própria diante de aspectos rotineiros da vida: uma mensagem anônima, a solidariedade recíproca do grupo de senhoras e a relação dessas com a velhice, a vizinha e seus conflitos matrimoniais, as setes meninas e a ambição e inveja que as envolvem.

Há um conjunto de reflexões profundas sobre a velhice, sobre a morte, sobre os prazeres da vida ("alguns de nós vive enclausurado dentro de uma caixa de onde só se pode sair temporariamente") e sobre relações genuinamente humanas. Tudo visto sob um olhar atento, sensível e perspicaz de Mia Friedricksen. Na medida que avançamos a leitura, o drama do amor partido vai perdendo sua força interna e, pari passu, ganhando força a personalidade humana e a individualidade da protagonista. 

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