terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Spartacus (1960), de Stanley Kubrick

"Todos os homens perdem quando morrem
 e todos os homens morrem. 
Mas um escravo e um homem livre
 perdem coisas diferentes. 
Quando um homem livre morre, 
perde o prazer da vida. 
Um escravo perde o seu sofrimento."
Um filme fantástico, dirigido por Stanley Kubrick, que conta a história de escravos que, treinados para serem gladiadores, conseguem fugir do cativeiro onde aprendiam a arte das lutas. Ao longo da caminhada em busca da liberdade, vão reunindo homens e mulheres em condições análogas às suas, e terão que enfrentar os exércitos mais bem aparelhados e treinados do mundo naquele período, os exércitos romanos.

O personagem central chama-se Espártaco, que é interpretado magistralmente por Kirk Douglas. O ator consegue expressar com intensidade os sólidos valores humanos que dão sentido ao personagem central do filme. A superação humana, diante da brutalidade de uma adolescência que lhe foi negada para servir de escravo nas minas da Líbia, e a firmeza de caráter com que conduzirá suas ações em prol da resistência a Roma, são aspectos marcantes do protagonista.

O trabalho técnico também foi fabuloso. Homenagem especial à trilha sonora, sob a direção de Alex North,  o mesmo de "2001 - Uma Odisséia no Espaço", e a convergência alcançada nas alternâncias musicais, desde os momentos mais leves ao acordes mais contundentes, com destaque especial para a batalha final.

Há uma relação de oposição fantástica no filme, que contrapõe a generosidade, afinidade e sentimento de união dos escravos, e a disputa de posições e confabulações dos membros do Senado romano. Enquanto o líder dos escravos é respeitado e renuncia posições de privilégio em nome do grupo, a elite política de Roma trabalha diuturnamente para galgar posições e conquistar mais poder confrontando-se entre si.

A obstinação, o idealismo e a paixão intensa são ingredientes que fazem de Espártaco um mito. Líder de um exército que chegou a mobilizar 100 mil pessoas e que dizimou 3/4 do maior exército da Terra, surgirá à tela como um homem com intensa vontade de aprender e imensa capacidade de amar. A paixão faz maiores os homens e mulheres, essa é a sensação transmitida pelo filme.

Aliás, Jean Simmons, no papel de Varinia, é a grande mulher ao lado de um grande homem. A paixão entre Varinia e Espártaco merece particular destaque, pois surge a partir de um tratamento humano e leal entre semelhantes, em um ambiente em que homens eram objetos moldados para lutar e mulheres para atender às satisfações sexuais masculinas e servir-lhes nas atribuições domésticas.

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