segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Grécia, Portugal e Espanha em ebulição

As mobilizações da sociedade, em resposta ao aguçamento da crise econômica em três países do conjunto denominado PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), tem ganhado as manchetes nos últimos dias. O termo faz referência a 5 países europeus cujas economias têm sido mais afetadas pela crise.  Em Portugal, onde o índice de desemprego vem afetando 16,9% da população economicamente ativa, ou 1 milhão de pessoas, no último dia 16 a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) paralisou 20 cidades. A entidade sindical contesta os cortes governamentais (repasses da saúde, pagamentos do seguro desemprego, valores das pensões e aposentadoras) e as ameaças de enxugamento do Estado social, com estimativa de 4 bilhões de euros em cortes.

Os trabalhadores querem que o governo alivie a meta de déficit orçamentário e prolongue os prazos de pagamento da dívida, "para que o Estado possa fazer investimentos e as empresas consigam suportar o aumento de salários - o que ativaria a economia, com mais consumo; mais faturamento das empresas; mais emprego e mais arrecadação de impostos". Em 2012, o PIB do país decresceu 3%.

Na Espanha, desde o início do movimento dos Indignados, o número de desempregados saltou de 4 milhões para 6 milhões, 26% da força de trabalho do país. Cresce o número de suicídios em meio a ameaças e concretização de despejos. De 2007 até agora, já foram efetivados 400 mil. Só em 2012 foram 180 mil. É um país com área total três vezes menor que a cidade de São Paulo em que se realizam, em média, 517 despejos por dia!

Em resposta, no último sábado, milhares de pessoas foram às ruas de Madrid em protesto contra a política econômica do governo liderado por Mariano Rajoy. As palavras de ordem "não ao golpe de Estado financeiro, não devemos, não pagamos" reflete o sentimento dos movimentos sociais organizados em todo o mundo em relação aos grandes responsáveis pela crise econômica iniciada em 2009. Sobrou até para o rei, vaiado pelos súditos em uma final do campeonato nacional de basquete.

Por fim, na última quarta-feira (20) foi a vez da Grécia se levantar contra o desemprego recorde e as medidas de austeridade adotadas pelo governo em troca de empréstimos internacionais. As duas principais centrais sindicais do país promoveram paralisação de 24 horas. Barcos ficaram ancorados nos portos, as escolas foram fechadas e os hospitais funcionaram apenas com equipes de emergência. Pressionado, o governo recuou em relação à possibilidade de demitir 1.900 funcionários públicos, mesmo com as promessas aos credores estrangeiros feitas pelo país.

O povo se levanta contra o padrão de políticas adotadas pelos governos diante da crise. As alternativas,  com base no aumento da taxa de juros e de impostos e de redução dos gastos públicos e dos investimentos, são conhecidas dos brasileiros. Eram as apostas do nosso governo do limiar da década de 90 até o início da última década, sacrificando a base da pirâmide para salvar os bancos e levando ao desemprego e pessimismo. Há, diante das opções desses países, muita água por rolar por debaixo dessa crise.

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